domingo, maio 30, 2010

João Batista em entrevista.

A praticar a modalidade à sensivelmente dez anos e a frequentar o terceiro ano do Curso de Educação Física e Desporto na Universidade de Évora, João Batista atingiu o ponto mais alto desde que é jogador de voleibol. Após a conquista - inédita por terras de Gonçalo Velho - do título nacional da 2ª Divisão masculina e consequente subida à Divisão A2, o capitão do Clube Desportivo "Os Marienses" acedeu ao convite do DM e respondeu a algumas questões.

DM - Corrige-me se estiver a cometer algum equívoco. Esta foi a tua terceira época consecutiva na Serie açores. Quando te iniciaste no escalão sénior, alguma vez pensaste que hoje irias estar a festejar o título absoluto da 2ª Divisão ou quando se joga nestas séries só se pensa em fazer o melhor possível e não descer aos regionais?
JB - Sim foi a minha terceira época na Série Açores mas não consecutiva. Quando à 3 anos assinei pelo Clube Desportivo "Os Marienses", a equipa encontrava-se nos regionais.
Desde pequeno que eu e as derrotas somos incompatíveis. Se pensei que alguma vez poderia ser campeão nacional da 2ª divisão? Não vou mentir dizendo que não pois todos nós somos livres de sonhar certo? É óbvio que tinha consciência que seria difícil de realizar este sonho, principalmente atendendo às diferenças entre o voleibol praticado nos Açores e do Continente.
Já tinha passado por uma experiência semelhante quando fui campeão da Série Açores em 2006/2007 pelo Clube Ana. Mas as diferenças de plantéis na fase final nacional foram mais que evidentes, o que nos fez não ter a mínima hipótese de pensar no título.
No entanto, com o surgimento do projecto do CD Marienses percebi que poderia estar a abrir-se de novo uma porta para que o sonho se tornasse realidade. Algo que veio a acontecer e que me deixa muito feliz.

DM - Como capitão de uma equipa composta por elementos de reconhecido valor e experiência nas competições nacionais foi-te difícil assumir este papel ou passaste por alguma situação constrangedora?
JB - Sendo capitão de uma equipa com este valor e com os objectivos a que se propôs no início da época sabia que a minha missão não seria fácil, sei também que não sou o atleta que tem mais experiência dentro da equipa, mas como sou “da casa” o treinador optou por me dar esta responsabilidade e penso que não o desiludi neste aspecto.
Só tenho que agradecer aos meus colegas que sempre me facilitaram o trabalho. Porque embora o plantel não tivesse sempre junto como toda a gente sabe, o ambiente entre todos nós era e continua a ser, fantástico. Conseguimos criar um ambiente quase de como se fossemos uma família que nos fins-de-semana se encontrava, matava saudades uns dos outros e claro faziamos o que mais gostamos, jogar voleibol.

DM - Para além do título de campeão nacional propriamente dito, conquista-lo com uma equipa maioritariamente composta por atletas formados na Região Autónoma dos Açores é motivo de orgulho acrescido não é?
JB - Claro que é, isto também prova que o voleibol nos Açores deu, e continua a dar os seus frutos. Temos excelentes jogadores de voleibol nos Açores.
Espero que este título sirva também para cativar os mais jovens a praticar voleibol, porque são estes jovens que mantêm a modalidade viva no futuro, e se nós conseguimos ser campeões agora eles também podem vir a ser se trabalharem todos os dias com este objectivo.

DM - Na tua opinião achas que será possível manter todo este grupo para a próxima época com a mesma motivação e empenho demonstrado este ano?
JB - Eu penso que será possível manter o grupo, mas isto é a minha opinião. Porque agora que a época chegou ao fim é hora de começar a trabalhar na que se segue, trabalho que já se iniciou no que diz respeito precisamente às “renovações”. Penso que se houver algum atleta que não renove, será devido a questões de ordem pessoal ou profissional.
Isto também porque neste plantel, ao contrário do que se diz, não há ninguém remunerado, muito menos profissional.
Fico triste quando me dizem que existem algumas pessoas que ao invés de tentarem saber mais sobre este projecto que agora culminou com a conquista do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, afirmam coisas absurdas em relação ao nosso grupo. Felizmente temos conseguido lidar com estas e outras situações, demonstrando que somos efectivamente uma "família" forte e unida.

DM - Sem avançar com nomes, tendo em conta o seu valor e as necessidades da tua equipa para a próxima época, vias com bons olhos a integração no vosso plantel de alguns jogadores marienses?
JB - É claro que via com bons olhos a integração de jogadores marienses na equipa, mas sabemos que demos um salto grande e precisamos de jogadores que tenham alguma “rodagem” coisa que em Santa Maria é um pouco difícil de encontrar neste momento.
Não me quero alongar muito em relação a este tema porque temo que venha a ser mal interpretado em relação ao valor dos jogadores da ilha. Queria apenas salientar o óptimo trabalho que os nossos júniores têm vindo a fazer e espero que assim continuem mas acho que ainda estão um pouco “verdes” (sem ofensa é claro) para a divisão que vamos disputar.
Já agora aproveito também para deixar os parabéns à nossa equipa “B” pela forma como trabalhou durante toda a época e pela forma extraordinária como se bateu diante do Clube Ana e que, infelizmente, no último jogo não conseguiu a vitória que daria o apuramento para o Campeonato Regional.
Na próxima época, se continuarmos a trabalhar como temos feito até agora, arrisco-me a dizer que vamos conseguir o apuramento.

DM - Uns fazem-no publicamente, outros nem tanto. Certo é que o vosso projecto para "atacar" a época 2009/10, não reuniu e continua a não reunir consenso geral. Achas que um sistema semelhante ao deste ano conseguiria responder às necessidades de uma divisão A2?
Como podem as tais opiniões menos favoráveis afectar a composição do plantel 2010/11?
JB - Para grandes desafios, grandes responsabilidades, este é o meu lema e sem dúvida o lema do clube.
Agora que a “poeira” já está a assentar é tempo de pensar no futuro. Na minha opinião acho que este sistema serve de base para a próxima época mas obviamente com algumas modificações mas esta é uma pergunta que poderá ser desenvolvida pela equipa técnica. A diferença entre uma Série Açores e uma Divisão A2 são grandes. Desde logo o nível das equipas, as viagens, na A2 os jogos são realizados todos os sábados, um em casa outro fora, entre outras coisas.
Em relação a essa história do projecto não reunir consenso, que há pessoas não veêm com bons olhos as contratações e ainda das opiniões menos favoráveis, isto acaba por ser uma espécie de “meter o dedo na ferida”, mas na ferida de quem escreveu tudo o que foi sendo publicado aqui (muitos em anonimato) e não só. Aproveito esta oportunidade para dizer que o objectivo dessas pessoas (destabilizar o grupo) não foi conseguido. Prova disso mesmo foi a maravilhosa e pesada taça que foi erguida em Famalicão no dia 25 de Abril pelos Campeões Nacionais da 2ª divisão – Clube Desportivo “Os Marienses” - fruto de muito trabalho e suor ao longo de uma época extraordinária onde não foi conhecido o sabor da derrota (23 jogos – 23 vitórias).
Se estas pessoas podem afectar a composição do grupo para a próxima época? De certeza absoluta de não. Desde o início que conseguimos distinguir os nossos apoiantes e os nossos adversários.
Para os nossos apoiantes quero endereçar um muito obrigado. Dedico este título a todos os marienses simpatizantes do clube, aos que gostam de voleibol e claro à minha família, em especial à minha mãe que sempre me apoiou e que se tornou numa presença assídua na bancada tanto nos sábados como nos domingos de manhã!

DM - Para uma divisão A2 manter os mesmos elementos da equipa técnica ou aumentar o quadro com alguém especializado noutras áreas?
JB - Como disse anteriormente, sabemos que esta divisão não pode ser comparada com a Série Açores, mas também tenho a consciência que os recursos (humanos) são escassos.
Na minha opinião o maior problema reside na sobrecarga do treinador. Como se sabe ele é responsável por mais do que um escalão bem como da Selecção Açores. Seré neste particular (técnicos) que penso ser urgente/necessário formar e garantir mais colaboração. Isto para que a modalidade não passe por dissabores num futuro.
Se me permites, para finalizar e em nome da equipa, quero agradecer a toda a direcção por todas as condições proporcionadas ao longo da época. Foram incansáveis connosco.
Felizmente, conseguimos agradecer com esta conquista e com o troféu que, presumo esteja na sede do clube. Isto o David não a tiver levado para a “serra” para meter ao lado da sua cama!
Quero agradecer também a todas as pessoas que acreditaram em nós e que, directa ou indirectamente, contribuíram para este sucesso do voleibol mariense.

Como diria o mister, “a união faz a força!”.

Obrigado ao DM por se ter lembrado de nós!

Cumprimentos a todos os marienses com saudades,

João Batista

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande Jõao!
Parabéns pelo excelente feito.
Derrotas só no berlinde amigo...

Abraço, Airoza