Troika, crise, falta de poder de compra são estas
as expressões mais utilizadas pelos portugueses e em particular os marienses no
último ano, têm sido de facto um ano apertado no que á economia diz respeito,
obviamente que em consequência muitas outras atividades da vida dos cidadãos
sentem tais restrições e apertos, desta feita o desporto “leva por tabela”,
onde também sente a falta de apoios para os projetos inicialmente idealizados
pelos seus técnicos e dirigentes.
No caso em concreto, quando em Setembro de 2011 se
perspetivou a época desportiva do representante mariense na 2ª Divisão Nacional
de Andebol, decerto não se antevia este tão acentuado aperto financeiro,
contudo e ao contrário da habitual descrença dos adeptos desportivos
portugueses por via da situação menos positiva do país, a equipe sénior do
Clube Desportivo Os Marienses, realizou e depois dum bom planeamento de
pré-época, uma excelente Fase de Apuramento, que na ótica dos mais sépticos não
seria possível, num campeonato muito disputado até há última jornada.
A equipe do mariense Pedro Resendes alcançou o
3º lugar com um total de 10 vitórias, 6 derrotas e 2 empates, somando 40 pontos,
apurando-se para a fase Final da 2ª Divisão, feito pouco vulgar por estes lados
do atlântico e que eventualmente até poderia originar um possível acesso á
1ª Divisão Nacional.
Desta feita com inicio a 1 de Abril e desfecho a 9
de Junho os Marienses disputaram esta fase com os outros dois representantes da
zona sul, o CDE CAMÕES e o CS MARÍTIMO DA MADEIRA, bem os representantes da
zona Norte, AA AVANCA, ACADÉMICO FC e o AC SÃO MAMEDE, ou seja neste campeonato
a seis, o nível era muito diferente da fase de apuramento, destacando-se desde
logo a competitividade das duas equipes do sul que tinha anteriormente tinham
obtido os 2 primeiros lugares na fase de apuramento e a equipe do Avanca que
com o passar do tempo se destacou da concorrência pelo andebol praticado e
tendo obtido o título de Campeã da 2ª Divisão Nacional.
A equipe mariense novamente com as já conhecidas
limitações de formação de plantel para as viagens, infelizmente em muitas
deslocações nem sempre fez deslocar os atletas com mais qualidade técnica,
devido a muitos factores como sejam as questões de âmbito profissional e
familiar, desta feita o resultado final de sexto lugar, com 8 derrotas, 1
empate e 1 vitória, não demonstra fielmente a qualidade técnica demonstrada essencialmente
nos jogos realizados no seu recinto, onde todas as partidas foram disputadas
até aos últimos instantes e onde o resultado final esteve sempre indefinido,
contudo nos jogos fora do seu recinto com todos os condicionalismo existentes
nem sempre o desempenho foi consoante o expectável.
Em qualquer competição desportiva a vitória é “por
norma” razão de alegrias (ou não!), no caso desta equipe e conforme valorizado
por alguns, o feito de levar uma equipe de jovens marienses a uma fase final já
é por si só sinónimo de valorização, de valorizar as excelentes molduras
humanas que animam quinzenalmente o Pavilhão do Complexo Municipal de Vila do
Porto dando o seu apoio á sua equipe, de valorizar aqueles que por opção
própria quinzenalmente se afastam da família e levam o nome da nossa terra a
muitas outras localidades do pais, que caso não fosse o desporto e nossa equipe
de andebol talvez nem soubessem onde se situava a ilha de Santa Maria, talvez
se não fosse o desporto alguns negócios marienses, no Inverno, não tivessem
razão de existir e em consequência alguns empregos se perderiam.
Independentemente das analises internas e dos seus
responsáveis, que como é óbvio querem sempre mais e melhor para o emblema da
rua do Cotovelo, o comum dos adeptos talvez após o objectivo da permanência
garantida e da presença na fase final imaginaria um melhor desempenho nesta
fase, mas na prática este mesmo adepto tendo a noção do nível competitivo desta
fase, somando aos condicionalismo conhecidos por todos, talvez tenha a
consciência que os resultados obtém-se com o somatório de vários factores, que
nem sempre a equipe mariense teve ao seu dispor, onde se destaca a insularidade
e a disponibilidade para viajar!
Nesta perspectiva poderá fazer-se uma analise que o desempenho
desta grupo de jogadores foi acima daquilo que era expectável, tendo-se a
certeza que os reforços de inicio de época foram uma mais valia para o conjunto
mariense, os golos marcados não devem ser motivo de megas valorizações de
atletas, mas na prática realçam-se no fim das épocas, aqui neste sentido
“nosso” Siarhei Kavalenka novamente demonstrou que para além do 5º melhor
marcador da prova é um atleta completo com elevado nível de profissionalismo
mesmo estando no segundo escalão do andebol português.
Esta fase final não será decerto factor de maior ou
menor motivação para a época que dentro de um mês se iniciará, mas sim os bons
desempenhos obtidos e o respeito que os atletas adversários já têm quando se
confrontam com esta equipe insular.
Com uma formação do clube, que continua a dar
frutos, este ano novamente com o título de Juniores e Juvenis para Santa Maria
e 2ªlugar nos iniciados, a equipe sénior provavelmente não se poderá aliar da
qualidade que virá essencialmente para já do escalão de juniores, onde
infelizmente (a nível desportivo) alguns se ausentaram para prosseguir estudos.
Dependendo do projeto que se perspectiva, que se julga ambicioso mas dentro dos
limites normais estabelecidos pelos responsáveis do clube nos últimos anos,
pois o momento actual a isto também obriga pois na sequência da escassez de
apoios e dos sucessivos cortes governamentais, há que escolher mais-valias para
uma equipe que continua a ser a estandarte do desporto mariense.
Texto: PR