Cinco séculos após a passagem de Cristóvão Colombo
por Santa Maria, continua a fazer-se história na ilha mais oriental do
arquipélago dos Açores.
Os marinheiros outrora comandos pelo navegador
genovês vêem-se agora substituídos por corredores amantes da natureza, também
eles chegados um pouco de toda a parte do mundo, mas desta feita capitaneados
por Mário Leal, que tem levado a sério as palavras que um dia ouvi da boca de
Agostinho da Silva: “utopia não quer dizer que não existe, mas apenas que ainda
se realizou”.
Depois da concretização do sonho de levar as
corridas de montanha para o Faial, e posterior expansão às restantes ilhas do
triângulo, eis que a consolidação desta nova realidade atinge a sua maturidade
com a realização do Columbus Trail Run, um evento de corrida de montanha
constituído por uma ultra maratona de 77 km, desenhada ao longo de trilhos de
uma beleza única contornando toda a ilha num percurso de grande rota, e uma
segunda prova constituída por uma maratona de montanha.
A geomorfologia muito particular desta que é a mais
antigas das nove ilhas que constituem este arquipélago, e que já sofreu
importantes fenómenos de erosão, alterna notáveis paisagens de biodiversidade e
geodiversidade de enorme beleza cénica e interesse científico. Tão de pressa
descemos uma pronunciada arriba em direcção ao mar, como no instante seguinte
nos vemos a correr numa praia de seixos rolados enquanto sentimos no rosto os
saborosos salpicos salgados das ondas que morrem a dois metros do trilho.
Contornamos baías, atravessamos pastos, florestas e ribeiros. Escutamos as
diversas espécies de aves que aqui aportam nas suas rotas migratórias, mas
também sentimos o silêncio. O silêncio apenas interrompido pelo bater dos
nossos pés na macia terra do trilho.
Numa das belas freguesias atravessadas pela
ultramaratona – Santa Bárbara, com as suas casas dispostas em jeito de
presépio, haveria de terminar a prova da maratona, tendo-se sagrado vencedor o
escocês Tom Owens, da equipa Salomon. A primeira senhora foi a mariense Margarida
Pereira, do NPA – Gonçalo Velho.
Texto: Correr por prazer
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